sábado, 3 de maio de 2014

Mendes ou a importância do umbigo



O Mendes foi adoptado há mais de um ano. Por pessoas irresponsáveis, sabe-se agora. Inimputaveis, que não sabem o que fazer quando deixam fugir o seu gato, o Mendes. Não sabem ou não se interessaram. Nem sabem cumprir as condições do Termo de Responsabilidade. Nem estão preocupados com o gato, só estavam preocupados com o seu próprio sofrimento. Que nem era muito, afinal o desagradável foi terem que assumir que o Mendes tinha fugido, quando eu perguntei como ele estava. Afinal mesmo, a doença bipolar da Tita Vaz Pinto  não é o seu principal problema, o seu umbigo é que tem o tamanho do mundo e não a deixa ver mais nada. E o resto da família é cúmplice. Que falta de julgamento entregar um ser vivo nas mãos desta família.

O Mendes perdeu-se em São Domingos de Benfica. Isto a acreditar que, além de inimputavel, a Tita não é mentirosa e isso talvez já seja crer no Pai Natal.



sexta-feira, 2 de maio de 2014

Ginja ou a responsabilidade de cuidar


A Ginja vivia na rua, numa aldeia do Oeste, com outro gatito, o Rocha. Foram recolocados numa colónia em Lisboa, porque o sítio onde viviam era perigoso. Lá andaram os dois, adaptaram-se muito bem depois de terem vivido uns dia numa jaula para minimizar os riscos de irem à procura de outro local. Um e outro criaram laços com as suas cuidadoras e quando a Ginja precisava, porque tinha crises respiratórias frequentes, era tratada.

Até que, depois de desaparecer durante dois ou três dias, a Ginja apareceu com problemas de locomoção, o focinho à banda e, sempre, muito fanhosa. Desde há uns meses está acolhida para tratamento - tem problemas crónicos de ouvidos que lhe provocam descoordenação motora e o tal focinho à banda. Os problemas respiratórios, também crónicos, dão-lhe uma respiração pesada que juntamente com o ronronar, porque a Ginja está sempre a ronronar quando tem companhia humana, parecem o barulho de um motor. De carro antigo, daqueles que são uma preciosidade e que mantemos com muito cuidado e carinho enquanto duram,

A Ginja precisa de uma casa. Onde a cuidem como ela merece, de preferência com muito colo e muitas festas. E, de vez em quando, uma injecçãozinha ou um antibiótico. Para durar muito tempo ou pouco tempo, não importa.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Fannie Mae e Freedie Mac ou a responsabilidade de esterilizar



Filhos da Sallie Mae, gata de rua, foram todos retirados na rua onde estavam em risco. Ainda a tempo de serem sociabilizados mas, não havendo tempo, cresceram ariscos. Não podem voltar para a rua, não sabem sobreviver.

A gata mãe poderia ter sido esterilizada de forma a não procriar ninhadas cuja vida seria arriscada na rua. Porque poucos sobrevivem, convém evitar o sofrimento. Esterilizar uma gata poupa sofrimento a tantos!

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Gastão ou a responsabilidade de acolher

Mais um cão do caso de Odivelas. De uma senhora idosa, doente terminal, os animais não eram nada para a família e, ainda em vida da mãe, os filhos livraram-se deles. Apenas dois gatos foi acolhido pela família, os restantes foram acolhidos por diversas pessoas e associações depois de os terem tentado matar. Sim, a própria família.

Todos acolhidos, não. Porque a capacidade de acolhimento é muito limitada, o Gastão não teve sítio para onde ir e onde o vão pôr? Na rua. À fome, à sede, à mercê do canil, onde acabou por ir parar. Porque em casa, 'estragava a porta da cozinha', mas ' gosto tanto dele', foram as lágrimas de crocodilo de quem o devia proteger e não o fez.

O Gastão está agora protegido num hotel de cães. É um cão sénior muito carente e dócil, sem grandes exigências a não ser a atenção de alguém. Que não lhe faça mal, exigimos nós, porque o G continuaria a querer a atenção de quem lhe fez tanto mal e nunca mais se interessou pelo seu destino.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Becas ou a responsabilidade de adoptar


A Becas, cachorrinha de porte grande do caso dos cães de Odivelas, foi adoptada em cachorra. De porte grande, já se sabia. Cadela, já era evidente, não era outra espécie, uma gata, um pássaro. Uma e outra característica implicam responsabilidades e deveres que são conhecidos de quem adopta. Sê-lo-ão? Não, não são. Adoptar um animal não é uma compra por impulso ou capricho. Deve antecipar-se o futuro e o futuro não são os próximos dias, são os próximos anos, todos os anos de vida do animal adoptado.

A Becas voltou. Está novamente para adopção RESPONSÁVEL, de quem perceba as responsabilidades e deveres de adoptar um animal. Uma cadela de porte grande. Enquanto espera, a Becas sorri. Porque é muito meiga, porque está feliz onde está, onde quer que seja, desde que a tratem bem. Muitos passeios e brincadeiras, ainda melhor. Disciplina, vai aprendendo :) 

E não!, a Becas não precisa de um quintal enorme ou de viver numa quinta. A Becas precisa de donos que tenham tempo para praticar com ela actividades físicas ao ar livre, o resto do tempo pode e deve estar em casa. O mito de precisar de viver ao ar livre foi criado por donos preguiçosos.


(subscrevo tudo, excepto o uso de jaulas)