Alguém anda a despejar gatos já operados na colónia Desgraçada.
A colónia Desgraçada, por onde começou este blog há 5 anos, era uma colónia de gatos doentes, sem acesso a comida decente e que viviam numa zona suja e mal cheirosa. Apesar de todas as dificuldades iniciais, que se mantiveram durante anos, é agora uma colónia estável com tendência para redução, os gatos estão gordos e bem tratados, não há porcaria nem maus cheiros (que não os provocados pelos humanos). Foi legalizada. As vizinhas, que tanto se opuseram às capturas, são agora vigilantes atentas e gostam do resultado final.
Há cerca de 3 meses apareceu, fugazmente, um gato (gata?) novo na colónia. Como, além dos gatos residentes iniciais, têm aparecido gatos pontualmente ao longo dos anos (o Mirante, o Telhas, a Remédios), preparei-me para capturar o novo gato. Estava sempre escondido num barraco ou então em fuga pelas ruas, o que não lhe daria um futuro muito longo. Não se aproximava dos outros gatos e não o vi a comer. Numa das 2 ou 3 vezes que o vi, percebi que tinha a orelha cortada e ainda pensei se viria de outras colónias ali perto, também todas operadas. Que eu saiba, não vinha. Nunca mais o vi.
Há duas semanas, nova gata no pedaço. Desta vez, uma gata azul muito magra, muito assustada, sempre escondida numa casa em ruínas, aparecendo a medo para comer e sendo afugentada pelos gatos residentes. Uma das vigilantes atentas sugeriu que fosse a Francisca Cinza, mas não podia ser: pelo aspecto físico e pela forma de estar, que a Francisca Cinza não se assusta com nada. Vista melhor, tem a barriga rapada e uma orelha cortada. Juntando 1+1, alguém anda a despejar gatos operados na colónia Desgraçada. É um sítio muito visível, há muta gente que conhece a localização da colónia. Não haverá alguma ‘ética TNR’ que impeça esta prática porque, por exemplo, é quase nula a probabilidade de sobrevivência de gatos despejados assim em condições desconhecidas e adversas? Qual é o sentido de operar gatos, para lhes melhorar a vida e depois abandoná-los nestas circunstâncias? Talvez por ignorância/esperteza – ‘aqui têm comida e abrigo!’, ‘eles sobrevivem, são gatos de rua!’. Não, não sobrevivem. Não conhecem o sítio, não são aceites, não os deixam partilhar a comida, correm o risco muito real de serem atropelados.
Estatisticamente, mesmo quando bem planeadas e com tempo de habituação ao novo sítio, as recolocações de gatos só têm 30% de probabilidade de sucesso. Não planeadas, feitas com ignorância, são uma sentença de morte para os gatos. Mas quem faz isto não sabe ou não quer saber. Pobres gatos!
1 comentário:
Que blog fofo!!!adoro vir aqui, me sinto lá em casa com meus cachorros...
que todos vocês tenham uma semana bem harmoniosa, com carinho
NIcinha
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